Tuesday, August 22, 2006

Respirar, ó poema invisível!
Troca incessante e pura
entre o próprio ser e o espaço do mundo.
Contrapeso em que ritmicamente me aconteço.

Onda única
de que sou o mar gradual;
tu, o mais poupado de todos os mares possíveis,
ganho de espaço.

Quantos destes sítios espaciais estiveram já
dentro de mim. Ventos vários
são como filho meu.

Reconheces-me tu, ar, tu inda cheio de lugares
que foram meus outrora?
Tu, um dia casca lisa,
rotundidade e folha de palavras minhas.

RESPIRAR - Rainer Maria Rilke (1875-1926)

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