
Caminhar ajustadamente no concreto dos dias, agora crescentes de sossego e presença. O descanso morno tem permitido a revisita de lugares que parecem permanecer quietos resistindo à mudança.
O Barreiro mantém-se em lugares envelhecidos e nem as poucas luzes de Natal, aliás pobres, conseguem preencher o vazio e a decadência crescente que a cidade deixa transparecer. O assomo de participação e de cidadania e a metáfora das opções participadas teimam em não passar disso mesmo e a obra e o trabalho resultante de tanta cidadania em não aparecer.
A erosão não se limita aos alicerces dos moinhos ex-libris da cidade comunista e os barcos causadores dessa erosão teimam em levar esperança e em trazer gente que dorme desassombradamente à sombra de uma cidade que não é a sua.
Imersa num mar de culpas que a torrente política, sempre de águas turvas, não clarifica e a viver de magro orçamento, transita entre hostes socialistas e comunistas. Transita sem estrutura, rodeada de estaleiros de betão e de um imenso Tejo azul e forte que complacentemente assistiu, primeiro à perda das estruturas produtivas que detinha e, agora, à sua periferialização crescente.
Como se os carris do comboio que um dia trouxeram crescimento gentes e progresso, agora tudo levassem. Na torrente do tempo. E na pouca visão dos políticos que a governam.