Friday, December 29, 2006

Gift



Alison Fined

We are not alone?

Ironia ou metáfora?

Por agora fica o imenso prazer de receber um postal que, para além da riqueza do referencial para que remete, materializa o imenso carinho e sensibilidade de quem mo ofereceu.
De entre a estética e significado para que remete a reprodução do quadro de Alison Fined, desdobra-se um muito obrigado pela presença e dedicação que manténs nesta tua ausência.

Thursday, December 28, 2006

About modern reality


You do not need to leave your room. Remain sitting at your table and listen. Do not even listen, simply wait. Do not even wait, be quite still and solitary. The world will freely offer itself to you to be unmasked, it has no choice, it will roll in ecstacy at your feet.
Kafka

We Cannot Know Reality



We don’t see things as they are, we see them as we are. Anaïs Nin

Wednesday, December 27, 2006

Resistir

Resistir
Dobrar na boca o frio da espora
Calcar o passo sobre lume
Abrir o pão a golpes de machado
Soltar pelo flanco os cavalos do espanto
Fazer do corpo um barco e navegar a pedra
Regressar devagar ao corpo morno
Beber um outro vinho pisado por um astro
Possuir o fogo ruivo sob a própria casa
numa chama de flechas ao redor.

Joaquim Pessoa, in "Paiol de Pólen"

Crescimento



O Tempo
O Tempo de um qualquer Porto
Um Porto sentido
Um Porto às vezes ausente
Noutras escondido
Um Porto vida.
Um Porto a que rumar
Num rumo linear ou sinuoso
Um Porto.
Porto crescimento,
Errância
Um Porto de muita ausência
Um Porto
Muitos Portos.
Os Portos Sentidos
Do sentido que dás
Um Porto inscrito
Sofrimento.
Um Porto que descobriste
E deixaste
Em encontro
Desencontro
Em viagem.

Barreiro



Caminhar ajustadamente no concreto dos dias, agora crescentes de sossego e presença. O descanso morno tem permitido a revisita de lugares que parecem permanecer quietos resistindo à mudança.
O Barreiro mantém-se em lugares envelhecidos e nem as poucas luzes de Natal, aliás pobres, conseguem preencher o vazio e a decadência crescente que a cidade deixa transparecer. O assomo de participação e de cidadania e a metáfora das opções participadas teimam em não passar disso mesmo e a obra e o trabalho resultante de tanta cidadania em não aparecer.

A erosão não se limita aos alicerces dos moinhos ex-libris da cidade comunista e os barcos causadores dessa erosão teimam em levar esperança e em trazer gente que dorme desassombradamente à sombra de uma cidade que não é a sua.

Imersa num mar de culpas que a torrente política, sempre de águas turvas, não clarifica e a viver de magro orçamento, transita entre hostes socialistas e comunistas. Transita sem estrutura, rodeada de estaleiros de betão e de um imenso Tejo azul e forte que complacentemente assistiu, primeiro à perda das estruturas produtivas que detinha e, agora, à sua periferialização crescente.

Como se os carris do comboio que um dia trouxeram crescimento gentes e progresso, agora tudo levassem. Na torrente do tempo. E na pouca visão dos políticos que a governam.

Tuesday, December 12, 2006

Habitar


Os espaços que habitamos ao longo do percurso vida são lugares em trânsito;
São lugares sujeitos à mudança
que o tempo implacável vai lentaente compondo.
E, no regresso, no vaguear visual, ou interior da memória,
Deixaram de ser espaços habitaveis dessas memórias;

Habitam-nos, agora, outras vidas.
Vidas que inscrevendo outras memórias
Retocam cores, pedras e preojectos.
Arqitecturas
Que foram outrora
Os passos espaço
Alegres ou sombrios.

Espaços onde brincámos
Espaços onde riscamos solo pintado de macaca ou hidroavião
Ou onde nos vestimos bonecos
De interior em papelão.

Onde adolescemos
E de onde fugimos
Guiados pelo desejo de ficar
Impelidos pela emergência de partir.
Rosa - (Dezembro - 10)

Retorno



O retorno à escrita é um processo de entorno e de retorno. Entorno é uma expressão da Língua Espanhola que é usada quando nos referimos ao ambiente que rodeia o sujeito, determinando a sua acção.
Podemos (imprópriamente) usá-lo quando nos expressamos em Português para, dizermos que a escrita é um momento de entorno... Entorno quando um estado de absoluto cumprido vida, angústia sofrida ou alegria incontida nos faz vazar, entornar sentimento e ser.
Em escrita.
Entorno; palavras e escrita,
com poder balsâmico;
uma escrita retrato vida;
um alívio; um retorno vertido escrita.
Rosa (Dez 2006 -10)

Opiómano

E. Munch: O grito


Sim, sou opiómano!
Opiómano de ti,
Da presença ausente que ronda e persegue a casa
Quando não estás.

Opiómano
Da escrita que escrevendo não leste mas deixaste inscrita em todos os objectos.
Da palavra e do sorriso que incontidamente ecoam favorecendo presença na minha cabeça ausente.
Ausente porque opiómana

Sim, estou opiómano.
E é o ópio que me contém neste percurso imenso,
Sustentando na enorme presença presente e na visível distância
O laço do teu abraço, as gargalhadas francas, os livros que partilhadamente leste,
As musicas que ouviste.

Opiomano
Da felicidade que a partilha ensaia mesmo na distância.
Da companhia ausente.
A companhia que ausentemente fazes cumprir
Em cada marca da tua presença!...

Sim estou opiómano!...
Opiómano de ti!

Rosa (Dez 2006 - 12)

Friday, December 01, 2006

Push the limits

Basic instincts, social life.
Paradoxes side by side
Dont submit to stupid rules
Be yourself and not a fool.
Dont accept average habits
Open your heart and push the limits.
Open your heart
And push the limits.

Enigma



"Flores movem suas cabeças contra a janela. Vejo pássaros selvagens, e instintos mais selvagens do que os mais selvagens pássaros erguem-se do meu selvagem coração. Meus olhos são selvagens: meus lábios, firmemente comprimidos. O pássaro voa; a flor dança; mas eu ouço sempre o embate monótono das ondas; e a besta acorrentada pateia na praia. Pateia sem parar." (Virginia Woolf)



Às vezes pateamos sem parar a monotonia. Sem nos atrevermos a olhar á volta e agarrar o que mexe. Mesmo quado o que nos rodeia nos condiciona.

Crétitos da imagem: CSL Cartoon Stock